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Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

SIMEFRE promove evento sobre os números das indústrias da mobilidade

28 de novembro de 2022


No dia 21 de novembro aconteceu o Seminário Anual SIMEFRE 2022. Este ano, o evento voltou ao formato tradicional, presencial, restrito a associados e convidados, e foi transmitido online, no canal do YouTube do SIMEFRE: https://www.youtube.com/watch?v=m0VFrOE_tpU

O Seminário Anual SIMEFRE é um tradicional e o mais importante evento dos segmentos metroferroviário, rodoviário e de duas rodas, que reúne diretores e associados da entidade para trazer o comportamento e expectativa do mercado de cada setor.

O evento contou com convidados importantes como o economista, Antonio Lanzana, que ministrou a palestra “A Economia Brasileira: expectativas e desafios para 2023”.

Já o Presidente da CCR, Francisco Pierrini, falou sobre Investimentos na área de infraestrutura, transportes, metrô, rodovia e ferrovia”.

O Deputado Federal General Peternelli trouxe as ações legislativas para a indústria e educação. As apresentações estão disponíveis no site do SIMEFRE.
A abertura foi feita pelo presidente, José Antonio Fernandes Martins, que falou sobre o momento pelo qual passa o país e as medidas econômicas que vem sustentando a nossa economia, gerando instabilidade e boas perspectivas no que tocam crescimento, investimento e melhoria do número de empregos. Abordou a sua preocupação com os índices que acusam a desindustrialização em nosso país e a necessidade de uma bem estudada reforma tributária e administrativa.

O nosso país tem todos os efeitos para crescer e desenvolver dependendo somente de uma política industrial acertada agregando ciência tecnologia e modernidade. E naturalmente, com a adoção de políticas públicas que diminuam as desigualdades sociais, criando oportunidades, empregos e rendas”, enfatizou.

No encerramento, Martins enalteceu a qualidade das apresentações feitas pelos palestrantes que propiciaram importantes informações sobre a economia e os negócios do nosso setor de transporte e mobilidade. Considerou importantíssima a apresentação do Dr Francisco Pierrini da CCR, mostrando a capacidade de realização e visão de negócios da CCR, fundamental para o nosso país. O Deputado General Peternelli enriqueceu com sua fala, pontos fundamentais para a economia e desenvolvimento do nosso país, através da reforma tributária e do incremento da educação.

Veja os números de 2022 e prognósticos para 2023 dos especialistas do SIMEFRE, que foram apresentados no evento (apresentações disponíveis no site: http://simefre.com.br/servicos/downloads/

Duas rodas – Motocicleta e Bicicleta – Hilario Kobayashi – Diretor do SIMEFRE

O setor de bicicletas teve um impacto da forte redução de demanda no varejo no período pós pandemia, e após 2 anos de fortes crescimentos em duplo digito, teremos uma retração da produção em 2022 projetada em -16% vs. 2021. Os maiores desafios impactando o setor foram: a retomada de atividades pela população após o período de reclusão e redução da busca de bicicletas como alternativa de lazer, transporte e deslocamento individual; o impacto dos efeitos da alta inflação e renda em processo de recuperação, além das altas taxas de juros não tornando atrativo os investimentos em novos bens duráveis e os altos estoques de produtos em toda cadeia incluindo indústrias e lojas, o que resultou em queima de preços ao longo do ano e impacto nos níveis de rentabilidade.

Expectativa para 2023 será de um mercado neutro no 1º semestre e leve recuperação no 2º semestre em paralelo a retomada da economia e potencial redução das taxas de juros. Estimamos crescimento da indústria em dígitos simples (nos finais ainda não fechados).

Falando de motocicletas o ano de 2022 se mostra positivo, com crescimento consistente de produção na faixa de 19%, até o mês de outubro deste 2022. Comparando a produção de outubro de 2021, com 1.005.014 motocicletas a outubro de 2022, com 1.198.889, estamos próximos a superar os números de 2015.

O principal desafio foi ajustar o fluxo de produção à disponibilidade de insumos vindos do exterior, ainda com reflexos decorrentes da pandemia. A expectativa é que em meados de 2023 voltemos a um fluxo normal.

Embora não se possa cravar um prognóstico pra 2023, pois há incertezas de como o novo governo irá proceder frente a bandeiras, como a Reforma Tributária, e a política econômica, as expectativas são de continuidade do crescimento gradual do mercado. A motocicleta definitivamente está no gosto do brasileiro, quer como meio de mobilidade, quer para trabalho e lazer, e essa condição permite afirmar que há uma consolidação da motocicleta como primeiro veículo das famílias de menor renda, e o segundo veículo das famílias de classe média.

A exportação segue estável, com leve crescimento de 2% se comparamos outubro de 2021, com 46.947 unidades, a outubro de 2022, com 47.717 unidades. Ainda não há previsão específica para o ano de 2023, mas a tendência é que se mantenha na faixa de 50.000 unidades.

Duas Rodas – Partes e Peças – Auro Levorin – Diretor do SIMEFRE

O mercado de partes e peças de bicicleta teve, neste ano, uma redução de vendas de 11% em relação ao ano anterior. Essa queda, porém, reflete a consequência do aumento do consumo que tivemos em 2021.

Desta forma, a redução da demanda desse ano põe o mercado novamente na média de consumo dos últimos 5 anos.

As importações tiveram queda de 30% em relação a 2021 também, compensando o crescimento ocorrido naquele ano.

Os preços continuaram aumentando esse ano, consequência da inflação externa e interna o que agrava a condição de compra do consumidor. Ainda continuamos sem poder de competir e desta forma tanto no mercado interno quanto na exportação representamos pouca participação nesse setor.

A indústria nacional de peças e partes para bicicletas continua tendo dificuldade de competir com as importações desleais vindas principalmente da China e de outros países asiáticos, tendo assim uma baixa participação nesse mercado.

Para 2023 prevemos um ano difícil para o setor, tendo em vista um ano sem crescimento previsto pela frente e diante do carregamento de um estoque importante.

No caminho oposto às bicicletas, o mercado de partes e peças de motocicleta cresceu 11% esse ano em comparação ao ano anterior. Somado ao crescimento do ano anterior e contínuo nos últimos anos, demonstra ser a motocicleta um veículo vencedor.

No mesmo ritmo do crescimento do mercado estão as importações, com incremento de 15% sobre o ano anterior. Os preços também tiveram aumento pelos mesmos motivos. Continuam ainda muito insignificantes diante de outros países concorrentes.

Apesar de sofrer com a concorrência desleal das importações, principalmente da China, a indústria nacional tem mantido sua participação.

Mantendo-se a mesma dinâmica até hoje verificada no setor, podemos prever crescimento em 2023, porém, em menor escala devido às condições econômicas previstas para o próximo ano.

Implementos Rodoviários – Alcides Braga – Vice Presidente do SIMEFRE

O mercado de implementos rodoviários teve uma produção de 128.940 unidades, de janeiro a outubro de 2022. Se comparado ao ano anterior, houve uma queda de 3,95%, com 134.241 produzidas no mesmo período. A previsão para o ano de 2022 é de 165 mil unidades totais, próximo ao obtido em 2021, quando foram vendidos 163 mil implementos rodoviários.

Quando falamos de reboques e semirreboques de janeiro a outubro de 2022 foram 69.008 unidades produzidas, uma queda de 8,25% ante 2021, que fabricou 75.213 unidades. Já carroceria sobre chassis, de janeiro a outubro deste ano foram 59.932 unidades fabricadas, um crescimento de 1,53% comparado ao mesmo período do ano anterior, quando a produção foi de 59.028 unidades.

Na distribuição por segmento, estimativa é de 80 mil produtos da linha Pesada e 85 mil da linha Leve.

Os mercados que sustentaram o crescimento da indústria foram o agronegócio, construção civil, mineração e comércio de varejo.

Rodoviário – Ônibus – Ruben Bisi – Diretor do SIMEFRE

No segmento rodoviário, de ônibus, a estimativa é de aumento em aproximadamente 56% na produção comparado com 2021. A base até outubro de 2022 foi de 15.512 unidades e no mesmo período de 2021 foi de 10.085 unidades, ou seja, um aumento de 53,8%.

O grande desafio foi a falta de matérias primas e componentes ocasionado pela pandemia na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia que atrasou a entrega de chassis e das carrocerias, especialmente a falta de semicondutores.

Com a falta de componentes não houve o aumento da demanda ao longo do ano, que geralmente ocorre antes da entrada de uma nova Fase de Emissões Veiculares do CONAMA P8. Portanto, existe a necessidade de renovação da frota e a tendência é que a demanda seja crescente a partir do 2º trimestre, mas os preços da nova tecnologia P8 deverá inibir a possibilidade de reposição de frota. Mercado 2023 deverá ser menor que 2022.

Sobre exportações, a estimativa é de aumento em aproximadamente 61,5% na produção comparado com 2021. A base até outubro de 2022 foi de 3.243 unidades e no mesmo período de 2021 foi de 1.950 unidades, ou seja, um aumento de 53,8%. Para 2023 é esperado, pelo menos, manter a performance de 2022, mas é provável uma ligeira queda de aproximadamente 7%. Ainda sobre exportação, embora a base comparativa de 2021 tenha sido baixa, houve um aumento expressivo no volume e consequentemente no preço, apesar deste último não ter acompanhado os expressivos aumentos das matérias primas e
componentes.

MERCADO FERROVIÁRIO SEGUE INSTÁVEL PARA A INDÚSTRIA

Os volumes de entregas de veículos ferroviários (vagões de carga, locomotivas e carros de passageiros) continuaram ainda muito reduzidos em 2022, mantendo um elevado e dramático índice de ociosidade na indústria, entre 80 e 100% (dependendo do tipo de veículo), afetando toda a cadeia produtiva do setor, que acumula drástica perda de mão de obra qualificada.

A indústria de vagões de carga entregou um volume menor de vagões em 2022 (1.250 unidades) em relação a 2021 (1.800 unidades), abaixo também da previsão feita há um ano (1.500 a 1.700 vagões). Para 2023, a previsão é de 1.500 a 2.000 unidades, sendo mil vagões completos (20% menor do que em 2022) e entre 500 e mil caixas de vagões.

Em 2022, a indústria de locomotivas entregou 54 unidades, volume igual ao da previsão feita há um ano, porém menor que as entregas de 2021 (67 unidades). Para 2023, a previsão é de apenas 31 locomotivas, sendo quatro para exportação.

Estes volumes estão muito longe dos níveis históricos. A indústria aguarda encomendas maiores para os próximos anos, conforme previsto nos programas de Renovações Antecipadas das concessionárias ferroviárias de carga e nas Autorizações Ferroviárias, que já somam 32 contratos assinados.

“Estas oscilações nos volumes de fabricação, que têm sido usualmente para menos, trouxeram reflexos negativos na mão de obra direta, que foi reduzida em cerca de 20% ao longo dos últimos quatro anos”, avalia Vicente Abate, diretor do SIMEFRE e presidente da ABIFER.

Em 2022, a indústria de carros de passageiros continuou paralisada. Para 2023, a previsão de entregas é de 291 carros, sendo 69 para exportação.

Este mercado iniciará sua recuperação a partir de 2023, dadas as exportações já contratadas com os metrôs de Taipei, Bucareste e Santiago, além de aquisições feitas pela ACCIONA (Linha 6) e pela CCR (Linhas 8 e 9). Outra oportunidade, em andamento, é o Aeromovel que ligará a Linha 13 da CPTM aos três terminais do Aeroporto de Guarulhos, cujas obras
encontram-se em ritmo acelerado.

“Espera-se para dezembro deste ano o lançamento do Edital para aquisição de 44 trens destinados ao Metrô SP. O governo do Estado já contratou o financiamento do Banco Mundial, que incluirá a cláusula de Preferência Doméstica, garantindo a isonomia tributária em relação à indústria estrangeira, solicitada pela indústria nacional”, comenta Renato Meirelles, delegado do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER.

Outro importante marco para o setor de passageiros será o Trem Intercidades entre São Paulo e Campinas, que já passou por Audiência Pública em 2021 e está prestes a ser lançado pelo governo de São Paulo.

Ainda que nosso mercado se apresente instável, seu futuro é muito promissor. Espera-se que este mercado deslanche em função dos projetos anunciados pelos governantes e pela iniciativa privada.