SIMEFRE alerta: “invasão” de ônibus elétricos importados ameaçam a indústria nacional
Por: anaazevedo
Publicado em 14 de julho de 2025 - Atualizado em 14 de julho de 2025 às 16:39
O diretor do SIMEFRE, Ruben Bisi, fez um alerta contundente sobre o impacto da entrada crescente de veículos importados da Ásia no Brasil, especialmente ônibus elétricos, caminhões, máquinas agrícolas e automóveis. Segundo ele, o setor brasileiro enfrenta uma concorrência desleal, impulsionada por pesados subsídios estatais, principalmente dos chineses, e pela ausência do chamado “custo Brasil”.
“A indústria chinesa recebeu mais de US$ 230 bilhões em subsídios entre 2009 e 2023, incluindo incentivos para pesquisa, desenvolvimento, infraestrutura e isenções fiscais”, destaca Bisi. Apenas em 2023, foram US$ 45,3 bilhões em benefícios. Esse apoio tem permitido que as empresas chinesas exportem muitas vezes a preços abaixo do custo, num movimento claro de dumping, como ocorre no setor de aço e no segmento de veículos.
No Brasil, a situação tem se agravado. “Temos visto ônibus elétricos chineses vendidos para prefeituras a preços até um milhão de reais acima dos similares brasileiros. Enquanto um ônibus nacional custa cerca de R$ 2,7 milhões, há casos de importados adquiridos por R$ 3,6 milhões, com recursos públicos”, relata. Além disso, muitas dessas empresas não possuem rede de assistência técnica no país, o que compromete a manutenção e o atendimento pós-venda.
O diretor do SIMEFRE também ressalta que essas importações estão sendo feitas com financiamento público, sem exigir conteúdo nacional mínimo, contrariando regras como a do BNDES, que prevê pelo menos 20% de nacionalização. “Hoje, o ônibus elétrico brasileiro já tem 59% de conteúdo local e exportamos carrocerias para mais de 120 países. Não faz sentido o poder público financiar veículos 100% importados, que prejudicam toda a cadeia produtiva, do aço ao vidro”, afirma Bisi.
Além do segmento de ônibus, o avanço das marcas chinesas atinge caminhões, máquinas agrícolas, linha amarela e automóveis, com uma participação que já chega a 30% em alguns setores. “Não estamos pedindo proteção, mas isonomia. Se nada for feito, o Brasil corre sério risco de desindustrialização em setores importantes na composição do PIB”, alerta.
O SIMEFRE tem atuado junto a prefeituras, ministérios e bancos públicos, pedindo que sejam mantidas as regras de preferência por produtos nacionais nas compras governamentais e financiamento público. “Estamos defendendo a indústria brasileira e, sobretudo, o equilíbrio competitivo. A indústria nacional não pode financiar sua própria destruição”, conclui Rubem Bisi.