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Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Projetos prometem nova era urbana

10 de novembro de 2016


A arrumadeira Carla Verônica Lima, de 27 anos, viaja mais de quatro horas por dia, de ônibus, para ir ao trabalho
em um condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca e voltar para casa na comunidade de Inhoaíba,
embora os dois bairros fiquem na Zona Oeste do Rio. Já foi pior. Perdia quase cinco horas no trajeto de 45
quilômetros antes do BRT Transoeste. O corredor expresso foi a primeira das obras viárias de um pacote de
intervenções para os Jogos Olímpicos Rio 2016. “Ganhar uma hora, depois de uma jornada de oito de trabalho e
quatro no ônibus, não é muito, mas dá um tempinho de conferir a lição de casa dos filhos e colocálos
para
dormir”, diz Carla Verônica, mãe de um menino de dez anos e de uma menina de seis.
A promessa dos projetos de transporte no rastro dos Jogos Olímpicos Rio 2016 é de uma nova era de mobilidade
urbana na cidade. O pacote inclui outros dois BRTs, novas composições para os trens de subúrbio, a expansão da
Linha 4 do Metrô, que liga o Leblon à Barra da Tijuca, o Veículo Leve sobre Trilhos, que vai contrastar seu design
moderno com as linhas arquitetônicas do centro histórico da cidade, a duplicação do Elevado do Joá, principal
ligação rodoviária da Zona Sul à Zona Oeste, e intervenções no sistema viário da Barra.
O investimento em mobilidade e meio ambiente chega a R$ 24,5 bilhões dos R$ 38,26 bilhões do orçamento
atualizado dos jogos, de acordo com o Tribunal de Contas da União. Algumas obras, como a Linha 4 do Metrô, que
não estava no caderno de encargos da Olimpíada, vão ser inauguradas parcialmente apenas para atender quem
vai trabalhar ou assistir às competições esportivas. O BRT Transolímpica terá apenas três estações em
funcionamento durante o evento. O Lote Zero, extensão do BRT Transoeste, que liga uma extremidade à outra da
Barra da Tijuca, também vai funcionar apenas para a Família Olímpica durante o evento.
Todas terão papel decisivo no Plano de Mobilidade da Olimpíada que a Prefeitura do Rio elaborou para que a
cidade não enfrente um nó no trânsito. O PMO prevê três feriados municipais, a implantação do Cartão Olímpico,
que poderá ser usado em todos os modais de transporte durante os jogos, e um corredor temporário de BRT
exclusivo da Vila Olímpica, na Barra, ao Centro, de 6 a 20 de agosto, da meia noite às duas horas da manhã. A
operação especial noturna vai garantir o transporte apenas para quem trabalha ou assiste aos jogos sem
necessidade de baldeação na madrugada. A Linha 4 do Metrô funcionará durante os jogos apenas para quem tiver
tickets para as competições.
A partir de 31 de julho entram em operação três faixas olímpicas. Elas vão assegurar o trajeto dos atletas da Vila
dos Atletas, na Barra, às áreas de competição: na Vila Olímpica, também na Barra, no Complexo Olímpico de
Marechal Deodoro, no subúrbio, no Maracanã, na zona norte, e em Copacabana, na zona sul. As três faixas
totalizam 260 quilômetros de extensão. Só a faixa dedicada, exclusiva para os veículos autorizados, tem 164
quilômetros. A multa para o motorista que invadir as faixas olímpicas será de R$ 1.500. A prefeitura vai
implantar sinalização com placas e fará a pintura das vias.
O desafio começa quando acabar o evento. “Os Jogos Olímpicos do Rio deixarão um legado de novas conexões de
transporte que beneficiarão os habitantes e os visitantes da cidade por várias gerações. Será a maior obra de
readequação urbana desde os Jogos Olímpicos Barcelona 1992″, disse o presidente do Comitê Olímpico
Internacional (COI), Thomas Bach, quando faltava um ano para a competição. “A possibilidade de melhorar o
trânsito é grande, mas não basta reorganizar os ônibus, ter novos sistemas de BRTs, uma nova linha de metrô,
trens mais modernos e VLT. Quando acabarem os jogos, tem que informar a população sobre o que aconteceu na
cidade. É um novo sistema de transporte”, afirma Ronaldo Balassiano, professor de Engenharia de Transportes
da Coordenação de PósGraduação
em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
O novo sistema de transporte foi previsto para alterar o perfil dos modais da cidade. Até 2003, de acordo com o
Plano Diretor de Transportes Urbanos, elaborado pelo Estado do Rio, 55% dos cariocas eram transportados de
ônibus. Automóveis e táxis faziam a movimentação de 26%. Vans, metrô e trens garantiam a mobilidade de 4%,
cada um. Barcas respondiam por 1% e outros sistemas por 6%. Em 2011, de acordo com Carlos Maiolino, que
integra a equipe técnica da Subsecretaria de Planejamento da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), ônibus
e vans eram responsáveis por mais de 80% do transporte público no Rio e metrô, trens e BRTs ficavam com 17%. A
partir deste ano haveria uma mudança radical: metrô, trens e BRTs garantiriam 52% da mobilidade na cidade e
ônibus e vans ficariam com 48%.