Mercado de bicicletas brasileiro avança, mas segue pressionado por assimetrias competitivas

Por: anaazevedo

Publicado em 27 de novembro de 2025 - Atualizado em 27 de novembro de 2025 às 15:24

O mercado brasileiro de bicicletas mantém trajetória de crescimento, impulsionado por maior busca por mobilidade acessível, uso recreativo e fortalecimento de marcas regionais fora do polo da Zona Franca de Manaus (ZFM). As análises setoriais mostram que, após anos de oscilação, a produção nacional voltou a acelerar e registra alta consistente na comparação com 2024, acompanhada por maior dinamismo nas vendas e no emprego industrial.

Segundo o CEO da Verden Bikes e membro do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), Cleber Rossini (Foto), apesar da evolução do mercado, o setor ainda enfrenta um cenário de competição acirrada. “Há uma guerra de preços em curso, especialmente nas categorias de primeiro preço e na linha infantil. Isso pressiona margens e dificulta investimentos em inovação”, explica.

Os dados mostram que as bicicletas infantis e infantojuvenis seguem representando uma parcela relevante da produção, enquanto o segmento de bicicletas tradicionais — como as MTB aro 29” — sustenta boa parte do crescimento. A modernização industrial, com a introdução de processos que utilizam Inteligência Artificial (IA), vem ampliando a produtividade e permitindo a expansão do emprego, mesmo em um ambiente volátil.

Em médio e longo prazo o setor apresenta perspectivas ainda mais favoráveis. As projeções indicam que o mercado brasileiro de bicicletas deve crescer 25% até 2030, impulsionado por demanda reprimida, novas tendências de mobilidade e aumento da penetração de produtos de maior valor agregado. Já a produção na Zona Franca de Manaus deve avançar 38,8% no mesmo período, reforçando a importância estratégica do polo industrial no abastecimento do mercado.

No entanto, as assimetrias competitivas entre empresas dentro e fora da ZFM permanecem como o principal desafio estrutural. Enquanto o polo de Manaus se beneficia de incentivos fiscais que amortecem efeitos do câmbio, dos custos financeiros e da instabilidade macroeconômica, os fabricantes de outras regiões operam sob maior exposição ao risco. “O risco Brasil amplifica nossos custos e reduz competitividade. A ZFM, por ter um colchão fiscal, absorve melhor a instabilidade, o que aumenta a distância competitiva entre os fabricantes”, destaca Rossini.

O impacto dessas diferenças fica ainda mais evidente no segmento de bicicletas elétricas. Com o IPI de 35% fora de Manaus, a produção competitiva desse tipo de bicicleta se torna inviável em outras regiões. “Hoje, simplesmente não é possível produzir elétricas fora da ZFM com esses níveis de tributação”, afirma.

Apesar dos desafios, o diagnóstico geral é positivo: o setor segue em ascensão, marcas regionais se fortalecem e a bicicleta — tradicional ou elétrica — consolida-se como alternativa de mobilidade mais saudável, sustentável e economicamente viável para os brasileiros.

Fonte: Jornal GV News

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