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Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Investir nas ciclovias foi uma forma de renovar a vida urbana

19 de agosto de 2020


Criar 40 km de trajetos para bicicletas na capital de Roraima melhorou os deslocamentos e também a ocupação de espaços públicos, diz governante

Quando se reelegeu em 2016, a prefeita Teresa Surita (MDB) estabeleceu como meta ir de 0 a 40 quilômetros de ciclovias em Boa Vista no menor tempo possível. Em três anos, conseguiu: já é a sexta capital com mais quilômetros de ciclovia por habitante, com 1 quilômetro para cada 9.326 moradores. “Temos uma cidade plana e com avenidas largas. Já era um grande potencial cicloviário”, diz Teresa. Atualmente, os resultados se veem na diminuição de mortes de ciclistas e no aumento de pessoas que passaram a pedalar. Saiba mais sobre esse case:

• O que motivou as ciclovias? Assumi meu segundo mandato com a intenção de transformar a cidade na questão da mobilidade e de buscar saídas sustentáveis, como aproveitamento de energia solar por estarmos acima da Linha do Equador, na qual o sol é escaldante. Começamos a desenvolver o projeto das ciclovias em 2016, e o início da implementação veio em 2017. Foi um trabalho de requalificar o urbanismo: aspecto viário, calçadas, trânsito, sinalizações. Planejamos ligar bairros distantes, integrar o centro a regiões próximas ou afastadas. Pensamos em ciclovias com espaço para duas bicicletas, uma ao lado da outra. Decidimos 1,20 metro de largura em vias menores e 2,20 metro nas maiores, todas com segregação para que carros não invadam. Temos uma cidade plana, com diferenças de altitude de 10 metros, e largas avenidas. Já era um grande potencial cicloviário. Partimos de nenhuma ciclovia para 40 quilômetros prontos e mais dois até o fim do ano.

• Quais são os principais resultados do plano cicloviário?

Em relação à segurança, tivemos redução de 33% nas mortes de ciclistas entre 2019 e 2010. Passamos a ver mais grupos de ciclistas e de corrida. Os negócios ligados a bicicletas expandiram 40% nos últimos anos, com empresários investindo em vendas de bicicletas e serviços voltados aos ciclistas. Houve também fomento do turismo, com oportunidade de negócios com rotas para apresentar a cidade.

• E quais são os benefícios para quem não é ciclista?

Investir nas ciclovias foi também uma forma de renovar a vida urbana. As cidades precisam de um aproveitamento de seus espaços. Agora é comum ver pessoas fazendo piqueniques em praças, grupos pedalando a altas horas. Se uma avenida nova for proposta, vem a cobrança para que tenha ciclovia. Temos o estímulo à convivência: vemos crianças com seus pais se locomovendo de bicicleta. Com a pandemia, no entanto, o sucesso dessas iniciativas foi justamente o que nos obrigou a refreá-las. Para evitar aglomerações, tivemos de desligar as lâmpadas em regiões da cidade para desestimular a ida das pessoas.

• Em cidades como São Paulo e outras do País, há grupos contrários às ciclovias, como alguns comerciantes ou moradores. O plano de Boa Vista também sofreu resistência?

No início tivemos comerciantes reclamando, achando que iam perder o movimento em suas lojas com as ciclovias passando em frente a suas portas. Parte da população achava que o trânsito iria piorar com ruas mais estreitas. Nada disso aconteceu e atualmente tenho requisições de comerciantes e moradores por ciclovias em suas ruas. Elas viraram um marco da cidade.