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Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários

Inteligência Artificial aplicada à indústria

28 de agosto de 2024


Em evento na Fiesp, especialistas mostram que a tecnologia pode ser aplicada nas pequenas e médias empresas para alavancar a produtividade 

Para debater as perspectivas e tendências da inteligência artificial, compartilhar as experiências e cases, conhecer as soluções disponíveis e mostrar a diversidade de suas aplicações nos negócios, a Fiesp promoveu nesta terça-feira (27/8) o primeiro dia do Summit Inteligência Artificial.

O evento reuniu especialistas e líderes de várias empresas, entre elas IBM, Google, Globo, Embraer, Positivo Tecnologia, Meta, Basf América do Sul, Mercedes Benz e Johnson & Johnson MedTech Brasil.

Na abertura, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ressaltou a importância do tema que, segundo ele, muitas vezes, traz apreensão e rejeição. “É óbvio que todas as vezes que a humanidade tem rupturas tecnológicas da magnitude que se apresenta com a inteligência artificial nós todos nos sentimos intimidados. É o medo do desconhecido, o medo de uma revolução tecnológica que pode acarretar descolamento de emprego, de profissões e de empresas”, disse, lembrando que este momento se compara a poucos da história.

“Algumas empresas que eventualmente não se adaptarem vão desaparecer, mas outras vão surgir. Alguns empregos vão desaparecer e outras oportunidades de emprego vão surgir”, acrescentou Josué, para quem a IA é um desafio grande, mas também uma oportunidade gigantesca. “Principalmente se educarmos os nossos jovens. E a Fiesp, o Sesi-SP e o Senai-SP estão fazendo justamente isso”, contou. “Não devemos temer essa ferramenta e sim abraçá-la, e trabalharmos para aproveitar todo o potencial que ela nos oferece”.

Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE, afirma que o Sindicato apoia e estimula as indústrias dos setores filiados à dedicarem atenção ao tema da IA, visto que essa tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço nos últimos meses.

Para Sylvio Gomide, presidente do Conselho Superior da Micro, Pequena, Média Indústria da Fiesp, a inteligência artificial é uma oportunidade única para as pequenas e médias indústrias. “Por uma razão muito simples: o empreendedor de médio e pequeno portes pode colocar a ferramenta em prática na empresa imediatamente, a decisão só depende dele. Diferentemente da indústria de grande porte, onde o processo precisa passar por vários setores para depois ser aprovado e isso pode demorar até dois meses”, exemplificou Gomide.

Ele também preside a Comissão de Inteligência Artificial – Políticas Públicas e Empresariais da entidade, que é dividida em sete eixos: regulação e legislação, capacitação de mão de obra e impactos no emprego, políticas públicas e plano de desenvolvimento institucional (PDI), infraestrutura, aplicação dos setores produtivos, financiamentos e governança e segurança.

Tonny Martins, presidente da IBM América Latina, e Marcel Silva, Head de estratégia de inteligência do Google – Latam, participaram do painel Contextualização: Desvendando a inteligência artificial: desafios, aplicações e rumos nos negócios.

Na apresentação, Tonny Martins destacou que várias pesquisas apontam que a IA é a maior oportunidade econômica da nossa era, estimando-se que contribua com US$ 16 trilhões para o PIB global até 2030, com ganhos de 45% de produtividade, onde 80% das empresas terão incorporado a IA em seus processos de negócios em 2026.

“Algumas falam em US$ 20 trilhões, com ganhos de produtividade de 70%. Minha conclusão é que provavelmente vai ser uma combinação de todas esses estudos”, disse. “Mas uma coisa é certa, o impacto vai ser altamente relevante para as empresas, para os países e para os mercados”.

Tonny Martins fez algumas considerações para a adoção da inteligência artificial pelas indústrias:

Como gerar valor real e me diferenciar? Produtividade, experiência e inovação.

Por onde começar a jornada? Iniciativas pontuais x modelo sustentável e escalável.

Quais os atributos devo levar em consideração para uma IA para o meu negócio? Confiabilidade, precisão, segurança, eficiência, escalabilidade e geração de valor.

Já Marcel Silva afirmou que a IA é uma revolução que chegou para ficar. “E a gente precisa estar preparado para tirar o máximo de proveito possível, ela não é um jogo só de grandes corporações internacionais, ela vai acabar sendo um diferencial enorme para pequenas e médias empresas porque ela democratiza o acesso aos dados”, disse Silva.

 

Prêmio Fiesp Inteligência Artificial 2024

No evento, foi entregue o Prêmio Fiesp Inteligência Artificial. O objetivo é reconhecer e premiar os melhores casos de sucesso na aplicação e desenvolvimento de tecnologias e modelos bem-sucedidos de negócio em IA adotados por indústrias e startups, especialmente quando aplicado de forma inovadora e colaborativa entre diferentes estados, regiões e setores econômicos.

A edição contou com 59 projetos inscritos e seis foram premiados: três na categoria startup e três na categoria indústria. Os três primeiros colocados, anunciados no evento, receberam troféus e o primeiro colocado também recebeu R$20 mil. Conheça os cases:

 

Categoria startups

1º colocado: Moraes E de Groote Centro de Inteligência Artificial e Visão Computacional.

Ramo de atuação – tecnologia da informação.

Resumo do case: Em 2024, a Gerdau em parceria com a Federação das Indústrias do estado de Minas Gerais (Fiemg) lançou uma chamada pública de inovação para a detecção de pragas em eucalipto, onde uma startup venceu e desenvolveu duas provas de conceito (POCs). As soluções utilizam IA e visão computacional para automatizar a contagem de insetos e ovos, com alta acurácia (91% e 98% respectivamente).

A tecnologia inclui processamento em nuvem e dashboards em tempo real, economizando tempo, recursos e melhorando a produtividade. O modelo de negócio é baseado em assinaturas e serviços personalizados, com planos para aprimorar a identificação de pragas.

Resultado: A empresa vencedora resolve esse problema com um aplicativo que, quando conectado à internet, contabiliza as pragas em menos de 3 segundos, com uma acurácia inicial de mais de 91%. A segunda solução envolve a aquisição de imagens por scanner, aumentando a produtividade em 10 vezes comparado ao método manual com microscópio, alcançando uma acurácia de 98%.

2º colocado: I-Sensi Tecnologia da Informação 

Resumo do case: a solução implementada nas ferramentarias brasileiras, fornecedoras da indústria automobilística, focou na melhoria do OEE (Overal Equipment Effectiveness, Eficiência Global do Equipamento) e na produtividade. Utilizando IoT (Internet das Coisas) e IA, foram digitalizados processos, sensoriados equipamentos e analisados dados em tempo real com o Trendz IA resultando em maior previsibilidade e redução de ociosidade. A abordagem incluiu capacitação da equipe e a criação de painéis de gestão eficientes.

Resultado: redução de 15% na ociosidade e identificação das causas de paradas críticas, servindo como modelo para outros segmentos.

3º colocado: Insilicotox Lab P&D do Brasil Consultoria (Indústria química), 

Resumo do case: Em 2016, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (FAPESP), a empresa desenvolveu a primeira plataforma de IA aplicada à toxicologia de medicamentos, cosméticos e agroquímicos na América Latina. Com o apoio da Eurofarma, o software DegradationPlot, que utiliza IA para prever produtos de degradação em medicamentos, entregando resultados em segundos, um processo que antes levava meses.

Resultado: Os custos com aquisição de padrões e teste tradicional de toxicidade podem ser variáveis totalizando R$ 150.000 a R$ 500.000 por um único processo por composto, com custos superiores em certos casos atípicos. Com uma média de 84 projetos por ano, a Altox avaliou nos 10 anos mais de 5000 compostos, com uma economia para o setor de pelo menos R$ 500mi a R$ 2,5bi em testes tradicionais evitados pela indústria.

 

Categoria indústria

1º Colocado: Paranoá Indústria de Borracha LTDA

Ramo de atuação: Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores.

Resumo do case: Análise de dados capaz de aprender e identificar os melhores padrões de produção, gerando insights e recomendações personalizadas para as pessoas e as máquinas.

Resultado: Aumento da produtividade, diminuição do refugo, aumento do Ebitda e redução dos erros de inventário.

 2º Colocado: Christal LTDA

Ramo de atuação: Indústria metalmecânica.

Resumo do case: Robô industrial equipado com câmeras e um sistema de iluminação controlado por software, que realiza inspeções automáticas dos produtos, para identificar falhas como oxidação e cavacos; projeto para conseguir treinar IA com poucas imagens.

Resultado: Aumento de produtividade e melhor gestão do conhecimento.

3º Colocado: Indústria de Alimentação Monjolinho LTDA

Ramo de atuação: Produção de alimentos à base de mandioca e milho.

Resumo do case: Algoritmos preditivos para analisar dados históricos e em tempo real, otimizar o estoque e prever a demanda para evitar rupturas no fornecimento; sensores e visão computacional para monitorar a produção em tempo real; IA para analisar o comportamento e as preferências dos consumidores e assim ofertar recomendações personalizadas e criar campanhas de marketing direcionadas; Otimização de PCP, manutenção e energia.

Resultado: Decisões se tornaram mais assertivas e estratégicas, processos com maior agilidade e eficiência, melhor gestão de riscos; redução de custos, aumento de receitas.

Fonte: Fiesp