Campanha salarial dos metalúrgicos do Vale do Paraíba reforça papel das convenções coletivas na garantia dos direitos trabalhistas
Por: anaazevedo
Publicado em 3 de julho de 2025 - Atualizado em 3 de julho de 2025 às 11:04
SIMEFRE, SIAMFESP E SINAFER receberam na manhã de hoje os representantes do Sindicato do Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, para entrega da pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2025/2026. Representando o SIMEFRE, o gerente Henrique Moraes, destacou a importância de manter todo o processo harmônico.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Weller Gonçalves, destacou que o cenário atual das negociações coletivas no Brasil tem refletido, de forma cada vez mais intensa, os desafios impostos pela reforma trabalhista e pelo atual contexto econômico. O Sindicato representa trabalhadores de cinco municípios: São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Santa Branca e Igaratá.
De acordo com Weller Gonçalves, dirigente sindical, a campanha salarial vai muito além da discussão sobre reajustes de salários. Trata-se de um momento estratégico, no qual também se negociam cláusulas sociais fundamentais para a preservação dos direitos e da dignidade dos trabalhadores. “A campanha salarial não é apenas para discutir percentual de aumento. É o momento em que colocamos na mesa toda a pauta que envolve as condições de trabalho, benefícios, garantias, estabilidade, jornada e outros itens que impactam diretamente a vida do trabalhador e das empresas”, explica.
O dirigente alerta que a aprovação da reforma trabalhista, somada a outras legislações como a lei da terceirização e a reforma da previdência, trouxe impactos significativos nas relações de trabalho. “Essas reformas vieram com a promessa de gerar milhões de empregos. Mas o que observamos é exatamente o oposto: demissões em massa, fechamento de fábricas e um processo acelerado de desindustrialização. Isso reforça ainda mais a importância de termos uma convenção coletiva assinada todos os anos, porque ela passa a ser o principal instrumento de proteção dos direitos dos trabalhadores”, destaca.
Weller lembra que antes da reforma trabalhista, as cláusulas de uma convenção coletiva tinham ultratividade, ou seja, continuavam válidas até que um novo acordo fosse assinado. Hoje, essa garantia não existe mais. “Se não houver a assinatura, todos os direitos conquistados nas campanhas anteriores deixam de valer. Isso gera uma enorme insegurança jurídica tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores. A convenção coletiva passou a ser, mais do que nunca, essencial para dar estabilidade às relações de trabalho”, pontua.
Outro ponto que torna o processo ainda mais desafiador é a necessidade de construir acordos que atendam a realidades empresariais muito distintas. A base do sindicato, por exemplo, inclui desde multinacionais como Embraer e GM, que possuem milhares de funcionários, até pequenas oficinas mecânicas com dois ou três trabalhadores. “O nosso desafio é exatamente esse: garantir que os mesmos direitos sociais sejam aplicados a todos os trabalhadores, independentemente do porte da empresa. Claro que entendemos que uma multinacional tem um poder econômico muito maior do que uma pequena empresa. Mas é justamente por isso que a negociação coletiva é tão importante, porque ela busca equilibrar essas diferenças, estabelecendo regras claras e seguras para ambos os lados”, ressalta Weller.
Entre as pautas prioritárias da campanha salarial deste ano, estão não apenas a reposição da inflação e ganhos reais de salário, mas também avanços em temas como saúde e segurança no trabalho, igualdade de oportunidades, proteção da mulher trabalhadora, estabilidade em casos específicos, licenças e outros benefícios sociais. “A luta pela valorização da mulher no mercado de trabalho, pela proteção contra assédio e pela promoção de um ambiente laboral mais seguro e saudável faz parte central das nossas reivindicações”, acrescenta.
Diante de um cenário econômico instável, em que empresas enfrentam desafios, mas também buscam crescer e se manter competitivas, o sindicato reforça a importância do diálogo e da construção coletiva de soluções. “Quando os sindicatos laborais e patronais constroem juntos uma convenção, todos ganham. Ganha o trabalhador, que tem seus direitos preservados, e ganha o empresário, que encontra segurança jurídica, previsibilidade e estabilidade nas relações de trabalho”, afirma o dirigente.
As rodadas de negociação seguem em andamento, e a expectativa do sindicato é fechar um acordo que contemple as demandas dos trabalhadores, sem desconsiderar a realidade econômica das empresas. “Nosso compromisso é garantir proteção social, valorização do trabalhador e um ambiente de trabalho mais justo e equilibrado para todos”, finaliza Weller Gonçalves.